quinta-feira, 21 de outubro de 2010
O garoto do meio da classe
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Ps eu
maiúsculo
aqui
descanso
ruínas
antiga
utopia
pulverizada
sonho
esfacelado
cama
cara
reclama
mantra
inimigo
existente
trabalhar
para
dormir
para
trabalhar
para
comer
para
comprar
para
comprimir
ideias
juvenis
sou
rocha
não
Rocha
sou
inimigo
conectivo
preocupação
excesso
preposição
pó
tudo
pau
todos
pobres
almas
podres
alienardos.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Fortuna e Virtú
domingo, 15 de agosto de 2010
saltador ornamental
não sou um.
não sei pular.
não me catapulto.
não dou cambalhotas.
não faço piruetas.
não corto a água com perfeição.
não sei nadar.
hesito em sair da plataforma.
é segura.
balança balança
trampolim
um dia
largarei meus passos vacilantes
arriscarei minha carne
e , no compasso da tábua,
saltarei para o mundo.
Voarei.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Iglu?
São blocos de neve empilhados.
O que é neve?
É aquele monte de flocos brancos que o inverno traz.
Ué, então o inverno já foi e levou a neve com ele.
Ah, mas o meu iglu resistiu
E aqui estou eu,
com receio de que o inverno ainda esteja lá, esperando para me castigar.
Tenho a certeza de que não está!
Mas aqui dentro está tão quente, tão agradável…
Prefiro não arriscar.
Já que não quer ver a aurora aqui fora
Pelo menos assista-a pela estreita porta!
Não! Sei que é bela e agradável
Mas eu me contento com o branco da neve.
É tão calmo!
Então escute o vento dançando ao som do sol!
Deve ser um espetáculo e tanto!
Ah, deixa pra lá, o silêncio dos blocos soa tão bem…
Ande logo, o verão esta aqui te esperando!
Por favor, pare de insistir.
Dentro do meu iglu o inverno ainda é eterno.
Pelo menos até o gelo derreter.
E isso vai demorar?
Não sei...
Talvez ainda dure alguns verões...
Nossa! Por que tudo isso?
Porque o iglu é muito resistente, eu o construí esperando que o inverno fosse durar muito mais tempo.
Mas é só você sair!
Eu sei, mas já que eu o construí, acabei me apegando a ele e agora realmente é difícil abandoná-lo.
Poxa…
Mas você está aí fora!
Por que você não aproveita?
…
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Lembranças de olaia
segunda-feira, 14 de junho de 2010
domingo, 11 de abril de 2010
In devassado
Não me encares deste jeito.
Já não basta ter que olhar a tua tinta
refletindo as minhas mágoas,
e ainda ecoas o meu passado,
joga-o na minha cara com esse teu irônico branco?
Ah, parede branca!
Acabo de riscar-te com meus gizes de cera.
tudo bem, sei que ainda és branca
mas os riscos em tua tinta
são as minhas cortinas.
o branco;
o cimento;
os tijolos.
São todos teus.
Deixe-me a sós
(eu e os meus riscados)
sábado, 3 de abril de 2010
Pergunte à visão
Esperando que encontrem a imagem perfeita
de passos apressados,
de carros embalados,
de chuvas torrenciais.
Permita-me vendar as órbitas vazias,
Renegar a visão e sentir o vazio,
o escuro interno,
o silêncio sincero,
o caminho do inferno.
Deixe que meus olhos rodopiem o mundo,
que avistem paisagens,
que sejam ofuscados pela luz,
que afoguem-se nas noites.
Permita-me que fique paralisado,
e que as imagens vivam sem mim,
e que falem por si.
Porque eu,cego por opção,
cerrei as minhas pálpebras,
e tranquei os meus demônios.
Se meus olhos olharem a minha imagem,
Avistarão um rosto pacífico,
Mas com lágrimas a escorrer;
São eles, os demônios, suspirando o morrer.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
A última batalha naval
- Acertou o meu último submarino.
- Até que enfim.
- Parabéns.
- Obrigado.
Cumprimentaram-se e seguiram em direções opostas para os seus respectivos quartos, abandonando o salão de confraternização quando o relógio apontava dez minutos para a meia-noite.
Na manhã seguinte, anunciaram no asilo o óbito de ambos os idosos, os jogadores da última noite.
John Palmer morrera de falência múltipla dos órgãos e os músculos de sua boca estavam modelados em um sorriso de extrema satisfação, como se no suspiro fatal houvesse exalado uma derradeira alegria, provocando o alinhamento das rugas faciais de acordo com o que sentia.
Louis Davenson cometera suicído. Overdose de medicamentos. Encontraram-no deitado de bruços e uma fina espuma escapava-lhe pela boca e manchas roxas cobriam-lhe o corpo. O quarto fora o palco de um espetáculo doloroso de convulsões e alucinações. Os olhos opacos exibiam a fotografia do sofrimento.
Melhor do que qualquer descrição física do caso é uma descrição psicológica. John havia ganhado sua primeira partida desde a sua chegada no asilo e considerava-se um fracassado em vida. Louis detinha um recorde de 148 jogos sem perder e o sabor da derrota nunca havia encontrado abrigo em sua boca.
Naquela noite, meus caros, um simples passatempo tornou-se uma batalha épica, consagrando o derrotado em vida e rebaixando um vitorioso à derrota. Não exagero em afirmar que o fato foi o apogeu e a ruína de dois homens, provando que um simples fato pode alterar totalmente a condução da vida à morte, o destino inevitável.