sábado, 3 de abril de 2010

Pergunte à visão

Permita-me atirar os olhos ao asfalto,
Esperando que encontrem a imagem perfeita
de passos apressados,
de carros embalados,
de chuvas torrenciais.

Permita-me vendar as órbitas vazias,
Renegar a visão e sentir o vazio,
o escuro interno,
o silêncio sincero,
o caminho do inferno.

Deixe que meus olhos rodopiem o mundo,
que avistem paisagens,
que sejam ofuscados pela luz,
que afoguem-se nas noites.

Permita-me que fique paralisado,
e que as imagens vivam sem mim,
e que falem por si.
Porque eu,cego por opção,
cerrei as minhas pálpebras,
e tranquei os meus demônios.

Se meus olhos olharem a minha imagem,
Avistarão um rosto pacífico,
Mas com lágrimas a escorrer;
São eles, os demônios, suspirando o morrer.

Um comentário:

  1. 'torrencial' sempre me faz lembrar do guido. mas fora isso tá muito bom! rs...

    ResponderExcluir