Enquanto caminhava pelas ruas de New Haven, li um anúncio procurando voluntários para um experimento social. Um tal de Stanley Milgram, professor em Yale, era o responsável pela pesquisa, que segundo o anúncio seria sobre a memória. Não estava muito interessado em participar de experiências científicas, mas apesar disso acabei procurando o tal de Milgram, principalmente pelos $4 que eram oferecidos aos participantes.
No dia seguinte, preenchi o formulário que vinha logo abaixo do anúncio e me dirigi até a Universidade de Yale. Chegando lá fui recebido por alguns homens de jaleco branco, entre eles o próprio Milgram. Pediram para me sentar e esperar o outro participante chegar. Um senhor entrou na sala e sentou-se ao meu lado. Concluí que aquele homem também participaria.
Um dos homens de jaleco branco começou a nos explicar como funcionaria tudo aquilo. Fui indicado como sendo o professor e o senhor seria o aluno. O aluno responderia a algumas questões de lógicas em outra sala, enquanto eu ficaria encarregado de aplicar uma punição, caso ele errasse a resposta. Achei aquilo esquisito, mas eu queria os quatro dólares. Perguntei qual seria a punição. O homem me conduziu até um aparelho com cerca de duas dezenas de interruptores, cada um deles com uma indicação em cima variando de 15 a 450. O outro voluntário foi conduzido até uma outra sala. O homem então continuou a me explicar o que aconteceria se o senhor errasse a resposta. O aparelho estava ligado a uma cadeira, na qual o aluno ficaria amarrado, e caso a resposta estivesse errada, eu, o professor, teria qu ativar o primeiro interruptor, que indicava 15V. Ou seja, aplicaria um choque ao homem se ele errasse a resposta! E o pior é que conforme ele fosse errando, maior seria o choque, aumentando 15V até chegar ao limite máximo de 450 V. Hesitei bastante, quis até desistir, mas o homem dizia que não havia perigo para o outro participante, que tudo estava sobre controle. Por isso, acabei sentando-me e esperei as ordens do Milgram, que estava sentado próximo a mim para que pudesse perguntar através de um microfone as questões para aquele senhor.
Só para saber como funcionava recebi um pequeno choque de 15V. Obviamente foi desagradável, mas se não faria mal ao homem, era melhor continuar. Me deram então algumas folhas de papel com algumas questões indicadas, cada uma delas com respsostas de A até D, e pediram para que eu observasse a resposta que o outro voluntário daria, através de um painel com as letras A, B,C e D. Iniciei o experimento com a seguinte questão: Qual dos elementos mais se difere em relação aos outros? A)Zebra B)Cavalo C)Mula D)Cabra. Logo de início ele marcou a letra "A". Acionei o interruptor e escutei um pequeno grito. Olhei para Milgram e ele mandou que eu continuasse. As duas próximas questões foram acertadas pelo homem, entranto as três seguintes ele errou. Os gritos aumentavam gradualmente. Comecei a ficar nervoso. Perguntei se podia abandonar, mas Milgram era firme e sucinto: "Continue." Continuei e a cada vez que ele errava, batia um grande desespero. Aos 180 Volts, o homem gritava desesperado pedindo para sair. Milgram insistia firmemente que eu continuasse para que não prejudicasse o experimento. Continuei. Acertava poucas e isso me deixava angustiado. 270,285,300 e assim por diante. Estava muito mal. Parei. Aquilo não valia $4. Estava torturando uma pessoa, um idoso. Argumentei com Milgram, mas com firmeza me garantiu que o outro estava bem. Falei que eu não era nenhum tipo sádico, e que aquilo era um absurdo. Mandou que eu não deixasse o experimento incompleto, isso prejudicaria a pesquisa e o que eu estava fazendo era pelo bem da ciência. Hesitei bastante e me sentei. olhei para as questões. Continuei. Perguntei e não obtive resposta. Stanley Milgram falou que poderia considerar isso como um erro e me mandou aplicar o choque. Contestei ao máximo, mas ativei a chave. Desde então, o senhor não respondia mais nenhuma questão. Com lágrimas nos olhos, abaixei a cabeça e fui até os 450V.
Experimento concluído às 11:30 AM, revelou Milgram. Abaixei a cabeça na mesa e chorei como uma criança, sobre as folhas espalhadas. Uma mão descansou sobre o meu ombro esquerdo. Era o senhor. Estava sorrindo. Me explicou então que ele era um ator, e que em nenhum momento ele havia levado choque. Gritava sim, mas era tudo atuação. Stanley Milgram explicou-me que a pesquisa era sobre a autoridade, e o que nós somos capazes de fazer diante dela. Falei que precisava muito ir embora. Assinei alguns papéis, peguei os quatro dólares e saí. O dinheiro terminou no chapéu do primeiro mendigo que eu vi.
A experiência mexeu comigo, provavelmente estaria apto a me tornar uma espécie de Eichmann caso vivesse na Alemanha nazista. Meses depois, recebi os resultados da pesquisa pelo correio e vi que 70% dos participantes foram até os 450 Volts. Seríamos morais diante de uma autoridade imoral?
No dia seguinte, preenchi o formulário que vinha logo abaixo do anúncio e me dirigi até a Universidade de Yale. Chegando lá fui recebido por alguns homens de jaleco branco, entre eles o próprio Milgram. Pediram para me sentar e esperar o outro participante chegar. Um senhor entrou na sala e sentou-se ao meu lado. Concluí que aquele homem também participaria.
Um dos homens de jaleco branco começou a nos explicar como funcionaria tudo aquilo. Fui indicado como sendo o professor e o senhor seria o aluno. O aluno responderia a algumas questões de lógicas em outra sala, enquanto eu ficaria encarregado de aplicar uma punição, caso ele errasse a resposta. Achei aquilo esquisito, mas eu queria os quatro dólares. Perguntei qual seria a punição. O homem me conduziu até um aparelho com cerca de duas dezenas de interruptores, cada um deles com uma indicação em cima variando de 15 a 450. O outro voluntário foi conduzido até uma outra sala. O homem então continuou a me explicar o que aconteceria se o senhor errasse a resposta. O aparelho estava ligado a uma cadeira, na qual o aluno ficaria amarrado, e caso a resposta estivesse errada, eu, o professor, teria qu ativar o primeiro interruptor, que indicava 15V. Ou seja, aplicaria um choque ao homem se ele errasse a resposta! E o pior é que conforme ele fosse errando, maior seria o choque, aumentando 15V até chegar ao limite máximo de 450 V. Hesitei bastante, quis até desistir, mas o homem dizia que não havia perigo para o outro participante, que tudo estava sobre controle. Por isso, acabei sentando-me e esperei as ordens do Milgram, que estava sentado próximo a mim para que pudesse perguntar através de um microfone as questões para aquele senhor.
Só para saber como funcionava recebi um pequeno choque de 15V. Obviamente foi desagradável, mas se não faria mal ao homem, era melhor continuar. Me deram então algumas folhas de papel com algumas questões indicadas, cada uma delas com respsostas de A até D, e pediram para que eu observasse a resposta que o outro voluntário daria, através de um painel com as letras A, B,C e D. Iniciei o experimento com a seguinte questão: Qual dos elementos mais se difere em relação aos outros? A)Zebra B)Cavalo C)Mula D)Cabra. Logo de início ele marcou a letra "A". Acionei o interruptor e escutei um pequeno grito. Olhei para Milgram e ele mandou que eu continuasse. As duas próximas questões foram acertadas pelo homem, entranto as três seguintes ele errou. Os gritos aumentavam gradualmente. Comecei a ficar nervoso. Perguntei se podia abandonar, mas Milgram era firme e sucinto: "Continue." Continuei e a cada vez que ele errava, batia um grande desespero. Aos 180 Volts, o homem gritava desesperado pedindo para sair. Milgram insistia firmemente que eu continuasse para que não prejudicasse o experimento. Continuei. Acertava poucas e isso me deixava angustiado. 270,285,300 e assim por diante. Estava muito mal. Parei. Aquilo não valia $4. Estava torturando uma pessoa, um idoso. Argumentei com Milgram, mas com firmeza me garantiu que o outro estava bem. Falei que eu não era nenhum tipo sádico, e que aquilo era um absurdo. Mandou que eu não deixasse o experimento incompleto, isso prejudicaria a pesquisa e o que eu estava fazendo era pelo bem da ciência. Hesitei bastante e me sentei. olhei para as questões. Continuei. Perguntei e não obtive resposta. Stanley Milgram falou que poderia considerar isso como um erro e me mandou aplicar o choque. Contestei ao máximo, mas ativei a chave. Desde então, o senhor não respondia mais nenhuma questão. Com lágrimas nos olhos, abaixei a cabeça e fui até os 450V.
Experimento concluído às 11:30 AM, revelou Milgram. Abaixei a cabeça na mesa e chorei como uma criança, sobre as folhas espalhadas. Uma mão descansou sobre o meu ombro esquerdo. Era o senhor. Estava sorrindo. Me explicou então que ele era um ator, e que em nenhum momento ele havia levado choque. Gritava sim, mas era tudo atuação. Stanley Milgram explicou-me que a pesquisa era sobre a autoridade, e o que nós somos capazes de fazer diante dela. Falei que precisava muito ir embora. Assinei alguns papéis, peguei os quatro dólares e saí. O dinheiro terminou no chapéu do primeiro mendigo que eu vi.
A experiência mexeu comigo, provavelmente estaria apto a me tornar uma espécie de Eichmann caso vivesse na Alemanha nazista. Meses depois, recebi os resultados da pesquisa pelo correio e vi que 70% dos participantes foram até os 450 Volts. Seríamos morais diante de uma autoridade imoral?
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