quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Carapuça

Bastava uma garota ou uma mulher possuir atributos estéticos que obedecessem a um determinado padrão estabelecido por ele e pronto. Apaixonava-se perdidamente, não importando a personalidade dela, apenas a aparência. Se não bastasse isso, achava que todas aquelas garotas que tivessem aquele padrão tinham personalidades semelhantes a sua. Pelo menos era o que pensava, mas na verdade ele próprio assumia uma personalidade que pudesse se adaptar ao modo de vida daquelas garotas.
Uma delas era de família evangélica e frequentava alguns dias da semana o culto na Igreja Metodista. Ele então fez-se evangélico. Passou a se vestir de maneira diferente, parou de beber e decorou a Bíblia.
Outra vez, apaixonou-se por uma veterinária que era boxeadora. Passou a amar cães e gatos, que não antes não eram de seu agrado, e a treinar boxe todos os dias.
Uma filósofa foi outra paixão. Leu tudo de Sócrates, Platão, Aristóteles, Kant, Nietzsche, entre vários outros filósofos.
E ainda possuía tatuagens cobrindo os braços, resultado de uma paixão por uma tatuadora.
Assim foram tantas outras paixões, personalidades variadas para qualquer um, exceto para ele.
Parecia que ele fazia tudo isso penas para agradá-las e conquistá-las, com isso. Mas não, para ele era como sempre tivesse sido um evangélico, boxeador, que adorava tatuagens, Filosofia e animais. De maneira alguma ele tornou-se isso tudo por causa delas. Elas eram iguais a ele. Por isso é que apaixonou-se por todas elas, e não porque tinham cabelos pretos, lisos e longos, olhos azuis e pele muito branca.

Não namorou nenhuma delas. Todas elas julgaram-no falso e sem personalidade.
E os namorados de cada uma delas foram odiados por ele, pois sempre pensou ser o namorado ideal de todas elas.

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