sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Mea Culpa

Estranho seria olhar para a minha imagem diante do espelho e encará-la com normalidade. Meu rosto foi completamente deformado em um acidente de carro, e o reflexo apresenta aquela imagem que provoca diariamente o espanto daqueles que me olham. É extremamente difícl viver enquanto uma aberração. Desde que minha aparência foi assolada no acidente, já não consigo mais vagar pela rua e evitar que seja notado e julgado pelas faces espantadas. Uma caminhada qualquer pela rua acaba sendo um espetáculo semelhante àqueles circos de horrores, é uma combinação de curiosidade, repulsa e assombro. Mesmo as pessoas mais próximas não conseguem conversar comigo sem que eu perceba em suas expressões a sensação de asco.
Chego então à conclusão de que o preconceito é latente à natureza humana. O discurso democrático de aceitação das diferenças simplesmente não se aplica à realidade. As leis que inibem o preconceito funcionam para evitar a transformação do mundo em um circo de horrores, mas ainda assim não o aniquilam, ele está presente em todas aquelas pessoas que passaram por mim na rua, por exemplo. Falo isso a partir do meu ponto de vista, um ser humano que vive constantemente com o preconceito, inclusive quando encaro a minha deformidade no espelho, que sempre foi uma espécie de cartaz anunciando a minha bizarra imagem perante a sociedade.

Um comentário:

  1. Bom, se perguntassem a mim, diria que é hora desse cara trocar o espelho mágico por um autorretrato bonito.

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